
Para conseguirem enfrentar percalços em Portugal, alguns imigrantes criaram grupos de apoio nas redes sociais. Foi em um deles que brasileiras relataram casos de assédio sexual e xenofobia. As informações são do blog Portugal Giro, do O Globo.
Um dos relatos foi feito pela Juliet Cristino, que é fundadora do Comitê dos Imigrantes de Portugal. Ela informou que recebeu uma solicitação de amizade em uma rede social seguida de um vídeo pornográfico.
“Por sermos brasileiras, veem a gente como objeto sexual. Entram nos grupos e ficam mandando pornografia para as mulheres. Recebi o relato de uma participante, fui bloquear o perfil denunciado e vi que ele mandou (vídeo) para mim também”, disse.
O problema é que o perfil é falso, o que dificulta as investigações após as denúncias serem encaminhadas à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR).
Uma carioca que também reside em Portugal informou que foi hostilizada por meio das redes sociais. Uma pessoa enviou mensagens insinuando que ela estaria no país apenas para conseguir um marido.
“Infelizmente, ainda lidamos muito com a xenofobia aqui. Acredito que, por sermos imigrantes, não teríamos voz”, contou.
Depois, a carioca informou que iria encaminhar uma queixa à CICDR, mas não confirmou se concluiu o processo. Ela também relatou que esse não foi o primeiro episódio de xenofobia que enfrentou.
“Já aconteceu no trabalho e foi resolvido lá mesmo. Uma colega de trabalho disse que havia brasileiras demais e deveriam contratar portuguesas. Depois, postou uma piada com um palavrão como indireta. A pessoa já havia arrumado outros problemas e, uns meses depois, foi despedida”, afirmou.
Mariana Braz, que é mestre em psicologia clínica e idealizadora do projeto Brasileiras Não Se Calam, explicou o que o assédio e a xenofobia causa nas mulheres brasileiras.
“No caso de mulheres imigrantes que são ativistas e/ou em que as violências podem ser consideradas mais graves, como ameaças de morte, perseguição, e agressões físicas e sexuais, por exemplo, os sintomas podem ser mais intensos e elas podem apresentar também o transtorno do estresse pós-traumático. (…) Entretanto, conseguem direcionar a indignação e a frustração que sentem para lutar em prol de uma sociedade mais justa para todas”, finalizou.
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